Despertou naquela manhã com uma indescritível felicidade. E não entendia o porque daquilo... Sua vida andava tão sem graça.
Assim que saiu da cama, sentiu uma enorme vontade de abrir a janela e olhar o céu. Nem se lembrava quando tinha feito isso pela última vez. Se é que já tinha feito isso antes...
Ficou ali por um breve momento a observar o azul daquela manhã de abril. O dia estava ameno. Sentia com prazer a brisa que entrava pela janela e invadia seu quarto. Se pudesse, ficaria ali por mais tempo.
Não entendia direito o que estava acontecendo dentro dela... Se sentia diferente dos outros dias. Não acreditava em pressentimentos, mas estava repleta de sensações boas e com um leve sorriso que teimava em permanecer. Saiu da janela sorrindo...
Caminhou assim até o banheiro. Despiu-se cantarolando e foi direto ao chuveiro. A água que caia sobre seu corpo a deixava com a sensação de lavar, também, sua alma.
Em sua cabeça veio uma música do Nando Reis, que não ouvia a muito tempo:
- "Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios..."
Saiu do banho e foi direto ao seu armário procurar a roupa que mais gostava. Queria ficar linda naquele dia.
Ainda enrolada na toalha, secou rapidamente os cabelos, passou o perfume que mais gostava e fez uma maquiagem básica e natural.
Vestiu-se e deu uma voltinha diante do espelho. Estava realmente linda. Um espetáculo de mulher!
Mas, apenas ao abrir a porta para ir trabalhar, se deu conta do real motivo de toda aquela felicidade: - após tanta frustração vivida no amor; estava amando novamente.
E saiu caminhando com a leveza de quem anda sobre o mais macio dos tapetes e com aquela música na cabeça...
"Estranho seria se eu não me apaixonasse por você..."