"Enquadrado pelo retângulo, o rosto dela apertava os olhos para vê-lo melhor. Mediram-se um pouco assim -de fora, de dentro de casa - , até ela afastar o rosto, sem nenhuma surpresa. Estava mais velha, viu ao entrar. E mais amarga, percebeu depois."
(Caio Fernando de Abreu - em "Linda, uma história horrível")
"Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim."
(Adélia Prado - do poema "A Serenata")
"Este mundo é diabrável para consumir gente..."
(João Guimarães Rosa - do livro "Noites do Sertão")
"Muitos anos de existência gastou-os à janela, olhando as coisas que passavam e as paradas. Mas na verdade não enxergava tanto quanto ouvia dentro de si a vida."
(Clarice Lispector - Dentro do coração selvagem)
"Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não..."
(Manuel Bandeira - do poema "A arte de amar"
"O que é meu eu cuido, o resto, não me convém..."
(João Guimarães Rosa - do livro "Noites do Sertão"
"Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amor; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres."
(Machado de Assis - do livro "Dom Casmurro")
"O que se desatou num só momento não cabe no infinito, e é fuga e vento.
(Carlos Drummond de Andrade - do poema "Instante")
"Eu vejo flores em você!"
(Edgard Scandurra - Flores em você - Ira!)
"Mas a despeito das pedras, as plantas continuam a nascer, crescer, florescer..."
(Rubem Alves - da crônica -"A despeito das pedras as plantas florescem")
"Mas, neste espelho, no fundo desta fria luz marinha,
como dois baços peixes,
nadam meus olhos à minha procura.
Ando contigo e sozinha...
Vivo longe e acham-me aqui..."
(Cecília Meirelles - do poema "Canção quase inquieta")
"O que é necessário compreender é que ninguém tem a verdade. Nós só damos palpites. No momento em que os indivíduos compreenderem que suas verdades não passam de palpites eles ficam mais tolerantes. E é gostoso conversar mansamente, cada um ouvindo honestamente o que os outros tem a dizer."
(Rubem Alves - da crônica - "Nossas verdades são só palpites")
"Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem dentro do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos."
(Affonso Romano de Sant'Anna - do poema - "Assombros")
"Eu escrevo apenas
Tem que ter por quê?
(Paulo Leminski - do poema - "Razão de ser")
"Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar - do poema - "Traduzir-se")
"Meu poema me contempla horrorizado."
(Cacaso - do poema - "Poética")
"Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras..."
"(Ana Cristina Cesar - do poema - "Psicografia")
"Muitas vezes o olhar tem peso.
O vazio lhe cobre de cor.
Não sinto nada, e as vezes,
penso que isso é amor."...
(Fabiano Calixto em "Música possível")
"...dispara a bala e o coração,
sufocado, dispara,
mais veloz ainda
a boca seca."
(Hélio Néri - do poema - "Sítio")
"A musa voluptuosa
pede passagem
e lhe damos - prosa:
qualquer imagem vale mais
que a floração sentimental de uma rosa."
(Eduardo Sterzi em "Música")
"... a duvida é um cavalo de cascos soberbos.")...
(Renato Mazzini em "Trânsito")
"As folhas caem
não tem mais
como prender-se."...
(Janice Caiafa em "Conto de outono"
"Ah, que horrorosa semelhança têm!
São um multiplo mesmo que se ignora."
(Felipe Fortuna em "A mesma coisa")
"Se avexe não
Toda caminhada começa
No primeiro passo"
("Acioli Neto - A natureza das coisas)
"... acabou pensando nele como jamais imaginara que se pudesse pensar em alguém, pressentindo-o onde não estava, desejando-o onde não podia estar, acordando de súbito com a sensação física de que ele a contemplava na escuridão enquanto ela dormia... de maneira que na tarde em que sentiu seus passos resolutos no tapete de folhas amarelas da pracinha custou a crer que não fosse outro embuste da sua fantasia."(Gabriel Garcia Marquez - Cem anos de solidão)
"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura." (João Guimarães Rosa)