segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O primeiro dia de aula.

     Não via a hora de começar a estudar. Queria muito aprender a ler e escrever.
     Quando soube que estava matriculada para cursar o primeiro ano em 1.975, na escola Ary Monteiro Galvão, comecei a achar que o tempo era lento demais.
     Todos os dias, assim que eu acordava, a primeira coisa que fazia era perguntar para a minha mãe se já era dia de ir à escola. E o grande dia não chegava nunca.
     Cansado de ouvir sempre a mesma pergunta, meu irmão me disse: - Só depois do meu aniversário (31/12) e das férias do pai.
     Fiquei decepcionada!
     O aniversário do meu irmão e as férias do meu pai sempre demoravam muito a chegar, apesar de sempre serem uma delícia.
     Associei a escola a coisas boas que demoravam a chegar e esqueci o assunto.
     Até que um dia meu pai chegou em casa com dois pacotes. Um, grande e o outro, um pouco menor. Ambos destinados a mim.
     Lógico que fui abrir o maior.
     A surpresa foi boa. Dentro do embrulho estava uma bolsa preta (tipo pasta), com todo o material escolar dentro, inclusive a cartilha Caminho Suave e uma caixa de hidrocor Silvapen.
     No outro pacote, o meu uniforme escolar. Duas trocas e um par de sapatos preto. Nunca tinha visto coisas tão lindas. Depois do banho, experimentei. Ficaram perfeitos! Tão perfeitos que decidi que já estava pronta para ir à escola.
     O problema é que ainda faltavam alguns dias para o início das aulas... Dias longos que custaram muito a passar.
     Enfim, chegou o grande dia.
     Iria estudar das 11:00 as 15:00.
     Me arrumei com a ajuda da minha mãe. Coloquei um sanduiche e meu suco na lancheira (rosa, do Donald e da Margarida) e fiquei esperando a perua (Kombi) do seu Derlindo.
     Que delícia! 
     Ao chegar à escola fui encaminhada a minha classe. Me sentei e fiquei esperando a professora chegar. Lá não encontrei nenhum rosto conhecido.
     De repente, uma figura muito estranha entrou na sala. Alta, magra, com cabelo que lembrava o da Maga Patalógica e ainda por cima, dentuça e mal humorada.
     Chegou falando alto, explicando tudo o que não poderíamos fazer. Desatei a chorar. A unica coisa que eu queria era voltar para a minha casa e ficar com a minha mãe.
     Essa foi a primeira lição sobre a relatividade do tempo... Os meses de espera pelo meu primeiro dia de aula foram, certamente, menores que as quatro horas de aula que tive no meu primeiro dia na escola.




                                   

2 comentários:

  1. Que decepção heim?? Fiquei com pena...

    Tomara que em outros anos voce tenha encontrado uma professora de verdade, porque essa...

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  2. Sabe Marilene, a dona Neusa (Maga Patalógica) era a professora padrão naqueles tempos... Hoje a vejo com bons olhos, apesar de continuar associando a sua imagem a da bruxa dos quadrinhos do Disney.

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