domingo, 14 de novembro de 2010

A visita dos primos.

     Em dezembro de 1977 minha avó veio para minha casa e trouxe com ela dois netos: Toninho e Gilda.
     Vieram de trem.
     Eu não cabia em mim de tanta alegria. Os dias que eles passaram em casa foram inesquecíveis.
     A Gilda tinha a mesma idade que eu e o Toninho era um pouco mais velho.
     Imagine o que não virou a minha casa naquele final de ano... Três crianças ávidas por novas aventuras. Minha mãe e minha avó não tinham sossego...
     Guardo com muita saudade, na lembrança, as artes daqueles dias, mas duas, entraram para a história...

                                                         Xixi na Cama

      Minha prima, na hora de dormir ouviu de minha avó uma recomendação: - Vá ao banheiro para não fazer xixi na cama...
      A Gilda foi sem dizer nada. Eu fui atrás dela e perguntei:
      - Você faz xixi na cama?
      - As vezes, respondeu.
      - Por que?
      - Acho gostoso. A cama fica quentinha...
      E eu, que não tinha a menor lembrança de como era fazer xixi na cama, fiquei curiosa... Precisava experimentar a novidade.
      Depois que me deitei e percebi que a casa estava em silêncio, pus em prática meu plano... Soltei todo o xixi que tinha guardado para aquele momento. É, a Gilda não havia mentido. Era mesmo quentinho... Quanto a parte de ser gostoso... Quando começou a esfriar, quem disse que eu conseguia dormir?
      Levantei da cama e comecei a procurar um lençol para trocar minha cama. Fiz tanto barulho que minha mãe veio saber o que estava acontecendo... Me pegou virando o colchão. Precisei me explicar.
      A punição foi a seguinte: - Lavar o lençol assim que acordasse... E colocar o colchão no sol, para secar.
      Quase morri de vergonha...
      Depois disso, xixi na cama, nunca mais!
                                                         

                                                      Champagne

      O Toninho, além de ser o mais velho, era bem mais "esperto" que Gilda e eu. Tinha grandes idéias o tempo todo. E nós duas, éramos sempre suas cúmplices...
      Na tarde do Natal, depois de muitas negativas quanto a nossa vontade de tomar champagne (sidra, na verdade...) o Toninho decidiu pegar uma garrafa da geladeira sem que ninguém visse.
      Pegou a garrafa escondido e levou para o fundo do quintal. Nós duas fomos atrás...
      Ele abriu a garrafa e provou, no gargalo mesmo. Nós duas repetimos seu gesto. E fomos bebendo, só no gargalo... até acabar. Eu  comecei a achar graça de tudo... Qualquer coisa era motivo para uma boa gargalhada... Estava bebada! Não me lembro se a Gilda ou o Toninho aprontaram alguma coisa, mas eu aprontei...
      Fui na frente de casa, peguei a mangueira, abri a torneira e comecei a molhar todo mundo que via pela frente, dizendo:
      - Olha a neve! Feliz Natal...
      Mais uma vez, não apanhei por muito pouco

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